Quando encontro a designer Renata Moura para as fotos desta matéria, ela está mais do que preparada. Maquiagem, cabelo e roupas impecáveis – tudo produzido para a entrevista. Ela chega empolgada, com seu sorriso fácil e três bancos Goma (uma de suas peças mais famosas) equilibrados nos braços. Como uma adolescente conta que ganhou flores do namorado, ela fala sobre as premiações que recebeu – Renata coleciona alguns dos mais desejados prêmios da área.
Destaque, aliás, é algo que a catarinense, moradora de Curitiba – “porque tenho mais clientes aqui” –, conheceu cedo. “Lembro de quando recebi o prêmio do Museu da Casa Brasileira, em São Paulo. Assim que subi ao palco o apresentador disse: ‘Mas é uma menina’. Olhei ao redor e eu realmente era a premiada mais nova”, diverte-se. Ainda no segundo ano da faculdade na Pontifícia Universidade Católica do Paraná, a designer meteu a mão na massa e criou, entre outras coisas, a mesa para telefone Triiim, uma de suas primeiras peças premiadas.
Incubadora
Renata se lembra perfeitamente de um acontecimento, aos 4 anos, que acabou determinando sua futura carreira. “Naquela época meus pais contrataram um escritório de arquitetura para o projeto da nossa casa. Lembro de assistir as reuniões em que eram discutidos detalhes do projeto e de ficar passeando pelo escritório.” A menina pediu para ganhar a maquete da casa quando crescesse. Os anos se passaram, o objeto foi jogado fora e os pais de Renata esqueceram a promessa. Mas o interesse por aquele mundo de projeções não se perdeu. “Minha mãe sempre me levava à exposições de arte, me ensinou a reconhecer um produto de qualidade e sempre comprava revistas e livros de arquitetura e arte. Foi em uma destas revistas que vi uma cadeira Panton vermelha, que foi a primeira feita de plástico injetado, desenhada em 1960 pelo dinamarquês Verner Panton. Eu tinha 11 anos e fiquei hipnotizada. Tive certeza que era isso que eu queria fazer”, conta.
Apesar de gostar de móveis, Renata não se vê limitada a eles. Como sempre quis “desenhar de tudo”, conciliou a vida acadêmica com estágios, onde trabalhou com móveis, design gráfico, ferro fundido, motor etc. Essa bagagem a ajudou a se tornar uma designer versátil, que pesquisa, modela e produz, além de dominar diversos materiais como madeira, PVC, espuma, lona, lycra e plástico. Quando perguntam a Renata o que tem vontade de desenhar, a designer diz que a lista – que inclui chocolates, joias, sapatos e relógios – não tem fim. Assim como a sua disposição criativa e busca pelo original e divertido.
Data da publicação: Janeiro de 2010
Edição nº 1.293 – Ano 24